É fácil achar que criar brinquedos seja só uma questão de design, segurança e produção. O CEO Lucio Winck informa que os brinquedos mais marcantes nascem de outro lugar: da memória, da sensibilidade e principalmente da capacidade de ainda enxergar o mundo com olhos de criança. Só cria bem quem continua, de alguma forma, brincando por dentro, se conectando com sua criança interior.
Esse espírito lúdico não é uma ingenuidade, mas uma escolha criativa. É o que permite entender o que realmente encanta, desafia ou emociona uma criança. O criador que nunca deixou de brincar carrega dentro de si o radar do que importa: ele sente quando algo é divertido de verdade, quando uma mecânica faz sentido, quando uma história tem alma. E isso não dá pra ensinar, é presença viva!
O que significa brincar mesmo depois de adulto?
Brincar, nesse caso, não é se comportar como uma criança. É manter a conexão com a curiosidade, o humor, a capacidade de se surpreender, explica o CEO Lucio Winck. É ver graça nas pequenas coisas, testar ideias sem medo de errar e imaginar mundos que ainda não existem. Adultos que brincam continuam livres, mesmo em meio à rotina. E essa liberdade criativa é vital para inventar brinquedos que toquem crianças de verdade.
Além disso, brincar depois de adulto é também uma forma de escuta. Criadores atentos sabem observar como as crianças brincam hoje, o que mudou, o que permanece, o que pulsa. Eles não projetam só com técnica, mas com empatia. E essa escuta ativa exige um certo despojamento: o de não se levar tão a sério, o de entrar no jogo sem saber exatamente onde ele vai parar.

A infância do criador influencia na criação?
Sem dúvida. Muitos dos brinquedos mais icônicos foram inspirados em lembranças pessoais, em sensações marcantes da infância ou em pequenas frustrações transformadas em soluções criativas. Quem cria com afeto acessa esse arquivo invisível de memórias e o transforma em algo novo algo que outras crianças, de outras gerações, também possam sentir.
É por isso que os brinquedos com mais impacto não são, necessariamente, os mais complexos. Para o CEO Lucio Winck, são os mais verdadeiros. Eles carregam uma intenção emocional que atravessa o tempo. E isso acontece porque o criador não se desconectou da criança que foi, pelo contrário, ele ouve essa voz interna e deixa que ela participe do processo.
O que acontece quando o criador esquece de brincar?
O risco é transformar o brinquedo em produto apenas funcional: seguro, bonito, vendável, mas sem alma. Brinquedos criados por obrigação ou excesso de formalidade perdem o encanto. Eles até podem cumprir seu papel técnico, mas não despertam o tipo de conexão que gera lembranças. E, no fim, é disso que a infância é feita: de objetos que viram memórias.
Para evitar isso, o CEO Lucio Winck aponta que é preciso cultivar espaços de liberdade dentro do próprio processo criativo. Testar, rir, errar, brincar de verdade com protótipos. Voltar ao chão, ao olhar da criança, ao tempo mais lento da descoberta. Quando o criador se diverte junto, o brinquedo nasce com outro tipo de energia. E isso a criança percebe, mesmo sem saber explicar.
Quem brinca, cria melhor
Na visão do CEO Lucio Winck, os melhores brinquedos não são aqueles que simplesmente funcionam. São os que têm alma, ritmo, verdade. Eles só nascem quando quem está por trás ainda tem coragem de brincar, de imaginar, de se emocionar com coisas simples. Criar brinquedos é um gesto profundo de empatia e também de lembrança. Por isso, manter vivo o espírito lúdico é o que permite criar não só brinquedos, mas experiências.
Autor: Thomas Scholze