Fernando Trabach Filho, administrador de empresas, afirma que compreender a influência dos combustíveis fósseis na balança comercial brasileira é essencial para diagnosticar os desafios e as oportunidades do setor energético. O país possui uma posição estratégica como produtor de petróleo bruto, mas ainda enfrenta uma realidade contraditória: ao mesmo tempo que exporta matéria-prima, continua dependente da importação de derivados. Esse desequilíbrio afeta diretamente as contas externas e limita o potencial comercial da cadeia de energia nacional.
Exportações de combustíveis fósseis e os limites do valor agregado
Os combustíveis fósseis, especialmente o petróleo bruto, ocupam posição de destaque nas exportações brasileiras. Desde o início da exploração do pré-sal, a balança comercial tem se beneficiado da receita gerada por esse produto. No entanto, grande parte do petróleo extraído é do tipo pesado, que exige processos específicos de refino que o país ainda não executa em larga escala.

Como consequência, o Brasil acaba exportando o recurso em seu estado bruto, sem o devido valor agregado. Segundo Fernando Trabach Filho, isso impede a consolidação de uma cadeia produtiva mais rentável e sustentável. A ausência de investimentos consistentes em refino compromete a competitividade nacional e torna o país um fornecedor de baixa complexidade industrial.
Importações de derivados e o impacto nos indicadores econômicos
Mesmo sendo produtor relevante de petróleo, o Brasil importa quantidades expressivas de combustíveis refinados, como diesel, gasolina e querosene de aviação. Isso ocorre porque a estrutura atual de refino é insuficiente para atender à demanda interna. O resultado é uma balança comercial pressionada por gastos com produtos que poderiam ser fabricados no território nacional.
Além disso, essa dependência torna a economia mais suscetível às flutuações cambiais. Em períodos de valorização do dólar, os custos de importação aumentam substancialmente, influenciando o déficit comercial e o preço dos combustíveis para o consumidor final. De acordo com Fernando Trabach Filho, essa vulnerabilidade precisa ser enfrentada com planejamento de longo prazo e políticas públicas específicas.
A influência geopolítica e cambial sobre os combustíveis fósseis
Outro fator que amplifica o impacto dos combustíveis fósseis na balança comercial é a instabilidade dos mercados internacionais. Conflitos em países produtores, alterações na oferta global e decisões políticas afetam diretamente o valor do petróleo e de seus derivados. O Brasil, mesmo sendo produtor, não está imune a essas variações.
O câmbio também tem papel central. Em momentos de desvalorização do real, os custos de importação crescem, ampliando o desequilíbrio comercial. O setor energético, portanto, torna-se um canal de transmissão de choques externos para a economia nacional. Fernando Trabach Filho observa que o fortalecimento da indústria de refino e a diversificação da matriz energética são caminhos indispensáveis para mitigar essa exposição.
Caminhos para reduzir a dependência e gerar valor
Diversificar a matriz energética brasileira é uma das estratégias mais eficazes para reequilibrar a balança comercial no setor. Apostar em fontes como energia solar, eólica e biocombustíveis pode reduzir a dependência de combustíveis fósseis importados. Além disso, investir na modernização e expansão das refinarias existentes contribui para aumentar o valor agregado dos produtos exportados.
Outra medida relevante é estimular parcerias entre governo e setor privado para acelerar a transição energética e garantir estabilidade regulatória. A adoção de tecnologias limpas também atrai investimentos internacionais e abre novas oportunidades comerciais para o país.
Considerações finais
O impacto dos combustíveis fósseis na balança comercial brasileira é uma consequência de escolhas estruturais e conjunturais. A dependência de derivados importados, a limitada capacidade de refino e a exposição às flutuações cambiais e geopolíticas tornam o setor vulnerável e pouco eficiente.
Com ações coordenadas, foco em inovação e compromisso com a autonomia energética, o Brasil pode reverter esse cenário. Fernando Trabach Filho conclui que fortalecer a cadeia produtiva de energia e agregar valor aos recursos naturais são medidas essenciais para alcançar estabilidade econômica e protagonismo no mercado internacional.
Autor: thomas Scholze