Especialistas verificaram redução na presença do coronavírus em esgotos da Região Metropolitana de Porto Alegre

thomas Scholze
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Lançada nesta semana por um grupo de entidades, a quarta edição do “Boletim de Monitoramento Ambiental do Coronavírus” aponta redução na presença do coronavírus na rede de esgotos de cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre. A constatação tem por base análises em todos os tipos de coleta em águas superficiais (como arroios, por exemplo) e estações de tratamento.

Segundo a chefe da Divisão de Vigilância Ambiental do Cevs (Centro Estadual de Vigilância em Saúde) do Rio Grande do Sul, Aline Campos, isso fica ainda mais evidente nas coletas em estações de tratamento, que são ambientes mais controlados. “Nos arroios também ocorreu a diminuição, mas os dados são menos constantes”, ressalva.

A desaceleração foi constatada a partir da segunda semana de setembro, em consonância com a estabilização da pandemia de Covid no território gaúcho.

De acordo com o mais recente relatório, “o monitoramento ambiental do coronavírus por meio da análise de águas residuárias tem se mostrado uma ferramenta promissora como indicador de presença e variação na transmissão do novo coronavírus em uma população”.

O estudo é realizado em parceria com diversos órgãos e instituições do setor, além de universidades, e tem demostrado a relação entre a presença do vírus nos esgotos e o número de casos confirmados de coronavírus na região abrangida.

As amostras de água coletadas de estações de tratamento, de efluentes hospitalares e de pontos de captação de água bruta passam por análise molecular para definir a ocorrência e quantificação biológica do coronavírus.

Já está previsto no plano estender o monitoramento por dez meses. O objetivo é acompanhar de forma ainda mais detalhada a ocorrência e distribuição do vírus ao longo da epidemia e das diferentes sazonalidades.

Aline Campos, do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, acrescenta que esse tipo de pesquisa também está em andamento nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, além de países como Holanda, Itália e Austrália.

Nesses lugares, é possível apontar um aumento da presença do coronavírus nos esgotos conforme aumenta o número de casos confirmados da Covid no local, o que vem se confirmando também no Rio Grande do Sul. “A realidade gaúcha, porém, é bem diversa desses lugares e deve ser levada em consideração na pesquisa”, ressalta.

Engajamento

A pesquisa é inédita no Estado e conta com parceria de diversas instituições, como UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Universidade Feevale, Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental), Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgotos), Smams (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade de Porto Alegre) e Fiocruz-RJ (Fundação Oswaldo Cruz).

Também estão engajados ao estudo a Secretaria Municipal de Saúde e a Comusa (Companhia Municipal de Saneamento) de Novo Hamburgo), bem como o Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto de São Leopoldo) e a Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento).

A professora do mestrado em Virologia da Feevale e uma das coordenadoras do projeto, Caroline Rigotto, ressalta que o grupo já está trabalhando no projeto de expansão da pesquisa: “Estamos pensando em pontos estratégicos, como comunidades em vulnerabilidade social e com déficit de esgotamento sanitário”.

Ela ressalta, ainda, que a epidemiologia baseada em esgoto é uma ferramenta que foi bem aceita e, provavelmente, se estenderá a médio e longo prazos, auxiliando no monitoramento e antecedendo surtos isolados.

(Marcello Campos)

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