Escolha de ‘nosso Kassio’ provoca desilusão nas bases de Bolsonaro

thomas Scholze
thomas Scholze

Não há nenhuma dúvida de que Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República na onda da Operação Lava Jato.

Durante sua campanha, no curso de 2018, ele prometeu aos quatro cantos que, como presidente da República, teria uma atuação cerrada no enfrentamento à impunidade do nosso sistema criminal.

Desde que iniciou seu governo, em janeiro de 2019, Bolsonaro vem dando inúmeros sinais trocados, escancarando que já não prioriza mais a bandeira do combate sem tréguas à corrupção.

Com a confirmação da escolha de Kassio Nunes para a vaga de Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal, parece que a ficha caiu para mais um grande número dos apoiadores do presidente.

Os bolsonaristas, nas redes sociais, estão se contorcendo intelectualmente para digerir a escolha de um advogado de 47 anos, que foi desembargador federal nomeado por Dilma Rousseff (pelo quinto constitucional), que não é a favor da prisão em segunda instância, que conta com forte apoio do Centrão, com a benção do ministro Gilmar Mendes – e que ainda recebe aplausos do criminalista Kakay, advogado de Zé Dirceu e de diversos outros réus da Operação Lava Jato.

O barata voa na “bolsosfera” faz todo sentido: o presidente vem fazendo exatamente o que seus eleitores temiam que seu opositor em 2018, Fernando Haddad, fizesse, caso ganhasse as eleições.

A metamorfose de Jair Bolsonaro ocorre em praça pública, vagarosamente e à luz do dia, e é dolorida e penosa para quem um dia acreditou nele.
E desacreditar será igualmente um processo tortuoso…

Continua após a publicidade

Compartilhe esse Artigo