O balde de água fria de Donald Trump nos mercados mundiais

thomas Scholze
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As bolsas foram pegas de surpresa na tarde dessa terça-feira, 10, dia agitado para o mercado financeiro. E o motivo não foi o que estava na agenda, como o pronunciamento de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, e a fala de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, realizados na manhã, mas sim uma série de posts do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu Twitter. Apesar de horas antes Jerome Powell afirmar que não é hora de se preocupar com orçamento e que um novo pacote de benefícios fiscais é necessário para o crescimento dos EUA, Trump encerrou a negociação do tão esperado pacote. Em seu Twitter, ele disse que Nancy Pelosi, porta-voz democrata da Câmara dos Representantes dos EUA, pediu 2,4 trilhões de dólares para ajudar estados democratas “que não estão de forma nenhuma relacionados com a Covid-19”, e que, “como é de costume, ela não está negociando de boa fé”. Dessa forma, Trump disse que falou para os republicanos encerrarem as negociações na Câmara e as retomarem após as eleições, buscando antecipar uma vitória sobre as eleições. O pacote de estímulos na maior economia do mundo era esperado por investidores em todas as partes do planeta, e a suspensão da negociação aumenta aversão ao risco, derrubando os ativos.

As bolsas americanas, que haviam subido após o discurso de Powell, foram para uma queda súbita depois dos posts de Trump, recuperando um pouco as perdas no final do dia. O índice Dow Jones fechou em queda de 1,34%, o S&P 500 em baixa de 1,40% e o índice Nasdaq em queda ainda mais acentuada, de 1,57%. As bolsas brasileiras, por sua vez, foram impactadas e caíram significativamente no período da tarde, para abaixo de 96 mil pontos. Depois, no entanto, o Ibovespa recuperou um pouco as perdas no fim do dia e fechou em -0,49%, a 95.615,03 pontos. O dólar, por sua vez, aumentou com o aumento da aversão ao risco, e fechou em alta de 0,41%, 5,5907 reais, mesmo com o leilão de swap realizado nesta terça-feira, 6, pelo Banco Central, de 10 mil contratos.

A cerca de um mês das eleições, a jogada de Trump condiz com seu estilo de negociação agressivo, que usa a sua força para intimidar o opositor, e em próprio favor. Foi assim em suas abordagens como empresário e nas negociações internacionais. Não é de se surpreender mais uma cartada como essa a cerca de um mês do pleito presidencial, principalmente depois de uma pesquisa feita pela emissora CNN e divulgada nesta terça, apontando que a distância entre o republicano Trump e o opositor democrata Joe Biden, na dianteira, se ampliou ainda mais, para 16 pontos.

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