Economia circular: por que a Riachuelo está de olho na sua roupa

thomas Scholze
thomas Scholze

Quem visitar as lojas da Riachuelo em São Paulo nos próximos dias vai notar que uma caixa móvel está reivindicando espaço entre araras de roupas e gôndolas de calçados. São, na verdade, coletores para arrecadação de produtos usados. Em 23 de setembro, empresa deu o pontapé inicial para seu programa de economia circular. Realizado em parceria com a Liga Solidária, uma organização da sociedade civil (OSC), o programa é a aposta da rede para prolongar a vida útil dos itens de vestuário. Roupas, sapatos e acessórios seminovos de qualquer marca podem ser coletados pelo projeto. Após a fase de arrecadação, esses itens são destinados aos centros de triagem da Liga Solitária, que afere o estado das peças e dá um novo destino a elas. Quando há possibilidade de uma segunda vida, os produtos podem ser doados a ONGs parceiras ou vendidos por meio do bazar organizado pela Liga no Complexo Educacional Educandário Dom Duarte — o preço de cada item é simbólico (algumas peças custam 2 reais). Para roupas sem possibilidade de reuso, o destino final é a reciclagem.

Caixa coleta roupas para doação em meio as lojasRiachuelo/Divulgação

O projeto já foi implementado em 46 unidades e estará em outras 50 até o fim de dezembro. Segundo a Riachuelo, a ideia é que os coletores ganhem escala e tenham presença em todas as lojas físicas da companhia, hoje são 325 operações, até o fim do próximo ano. “O objetivo do programa é olhar para o ciclo de vida do produto e gerar um impacto socioambiental”, diz Valesca Magalhães, gerente de sustentabilidade da Riachuelo. “É uma responsabilidade nossa enquanto varejo e fabricante do setor têxtil. Mas também queremos levar essa conscientização para consumidores e funcionários da nossa rede”. Para Rosalu Queiroz, presidente voluntária da Liga Solidária, o projeto é, sobretudo, uma ação educacional. “Essa iniciativa só reforça a nossa missão de dar protagonismo para nossos beneficiados, por meio de novas formas de pensar e agir”, afirma. O dinheiro arrecadado com a venda das roupas no Bazar da Liga é empregado nos projetos sociais da OSC, que desenvolve nove programas de educação, cidadania e longevidade para mais de 13.000 crianças, adolescentes, adultos e idosos.

A iniciativa faz parte da Moda Que Transforma, um programa de investimentos sustentáveis da rede varejista. Este ano, a Riachuelo se tornou parceira da Better Cotton Initiative (BCI), organização global, sem fins lucrativos, que certifica o processo de produção do algodão. Com a iniciativa, agricultores do mundo inteiro são orientados a cultivar o algodão de maneira mais sustentável, reduzindo o impacto ambiental de suas atividades. Mas não é só a Riachuelo que tem essa preocupação. Uma de suas concorrentes, a C&A, lançou recentemente sua primeira coleção circular de camisetas e jeans. Os produtos desenvolvidos pela grife foram pensados para serem reciclados e, após seu uso, voltarem ao meio ambiente, sendo totalmente compostáveis.

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