Artistas abandonam as lives solidárias na pandemia

thomas Scholze
thomas Scholze

Não é de hoje que a pandemia está perdendo força e interesse. Os números de contágio e de mortes diminuíram e, com eles, vieram o afrouxamento das regras de isolamento e a retomada da economia. Quem primeiro se cansou da coisa toda, revelam os dados do Monitor das Doações Covid-19, foram os músicos e seus fãs.

O que mais se viu entre maio e abril foram artistas comandando lives para arrecadar doações para o combate ao coronavírus. Mas, dali em diante, as campanhas com shows pelas redes sociais foram sumindo até chegar quase à extinção – no ranking do monitor atualizado diariamente pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos, junho teve apenas um registro, julho dois, e agosto, setembro e outubro… nenhum.

As doações por meio de lives de artistas desde o início da crise sanitária, em março, não chegam aos 18 milhões de reais. O valor é um grão de arroz perto dos 6,3 bilhões de reais reunidos até hoje, uma quantia sem precedentes e que superou todas as expectativas. O montante é composto em sua maioria pela doação de grandes empresas – como é o caso do Itaú que, sozinho, doou 1,2 bilhão.

A live de Sandy & Junior, promovida pela Casas Bahia e parte do projeto Fome de Música, arrecadou 6,6 milhões em um longínquo final de abril. Naquela mesma semana, Chitãozinho & Xororó, Zezé Di Camargo & Luciano e Leonardo celebraram 20 anos do projeto Amigos e levantaram 1,7 milhão.

Em maio, os fãs de Anitta conseguiram mobilizar 1 milhão em doações e Emicida outros 800.000. Dali em diante, a fórmula de sensibilizar por meio da música perdeu o gás. Uma das explicações é a crise financeira, que restringiu os gastos da população. Mas outra é a tão sonhada realização de lives com medalhões da música brasileira. Sem Chico Buarque, Maria Bethânia, Ney Matogrosso e tantos outros a estrelarem as campanhas, o dinheiro pode não chegar a quem mais precisa.

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